Dia Mundial da Criança I - estereótipos de género

Foi um dia diferente, mas um dia em cheio!
Vamos por partes...
Começou logo pela manhã, altura em que a mãe do Pedro nos trouxe  duas prendas para a sala: dois puzzles acabadinhos de comprar, um da Cinderela e outro do Faísca, o que deu origem a conversas sobre "esterótipos de género"...
- O da Cinderela é de meninas e o do Faísca é de meninos!
- Ai é? Então e se uma menina quiser fazer o puzzle do Faísca?
- Não pode, esse é de rapaz!
- Mas não vejo aqui na caixa nada escrito... não diz "proibido às meninas"...
- Hum...
- Olha, um puzzle é mais difícil do que o outro!
- Porque dizes isso?
- Porque um tem 60 peças e o outro só tem 25!
- Ora aí está, muito bem observado...então o do Faísca é mais difícil!
- Pois é!
- E se uma menina quiser fazer um puzzle mais difícil, porque é que não pode?
- Hum... 
- Ah, até pode, se quiser!
- Meninas, vocês gostam do puzzle do Faísca?
- Siiimmm!
- E vocês meninos, gostam do puzzle da Cinderela?
- Nãaaaooo! (???)
- Porquê?
- Porque é de raparigas, tem uma princesa...
- Ai então é por isso? Mas aqui também tem... um príncipe!
- Hum...
- Ó professora, tu não estás a perceber, há coisas que são para meninos e coisas que são para meninas!
- Não estou mesmo a perceber, não. Então todos os brinquedos não podem ser para todas as crianças?
- Hum...
- Aqui na sala temos a casinha das bonecas, não temos? Eu costumo ver meninos e meninas a brincarem lá... então podem ou não podem?
- Podem.
- Mas a casinha das bonecas tem bonecas e roupinhas e louças... e parece-me que os meninos até gostam muito de brincar lá!
- Pois é...
- E na área das construções, por exemplo, também costumo ver meninas e meninos a brincarem em conjunto. Não é verdade?
- É...
 - Então e lá não tem construções, ferramentas e carrinhos? As meninas podem brincar com esses brinquedos?
- Pois... eu acho que todos podem brincar com  os brinquedos todos, é melhor assim!
- Concordam?
- Siimm! (???)
- Então e quanto aos puzzles novos? Quem pode brincar com eles?
- Quem quiser...
- Mas mesmo assim eu não quero jogar com o da Cinderela! - afirmou um dos meninos, nada convencido.

"Ideias fixas" que são preconceitos um pouco ultrapassados, não vos parece?

Para quem quiser saber mais...

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O esterótipo de género designa expectativas sociais face ao que devem ser as caracteristicas de pessoas do género masculino ou feminino enquanto grupo.
-->O desenvolvimento dos papéis de género e a construção da identidade da criança são socialmente construídos e aprendidos desde o nascimento, com base nas relações sociais e culturais que se estabelecem a partir dos primeiros meses de vida, mas é na educação de infância que a criança começa a perceber a diferença entre o feminino e o masculino. 
A família e o educador assumem um papel importante neste processo, pois servem de referências.
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Esta construção de papéis e de identidade ocorre visivelmente por meio de atividades lúdicas e pelas contingências que envolvem a situação do brinquedo, como a estimulação em relação à forma de brincar ou as restrições em relação ao brinquedo.
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Por meio de brinquedos ou brincadeiras, as crianças interiorizam e reproduzem as relações estabelecidas entre homens e mulheres, sendo que algumas são caracterizadas pela reprodução de estereótipos socialmente atribuídos aos géneros. No entanto, a criatividade da criança não deve ser limitada por regras que, para ela, não fazem sentido. 
Por isso, se os vossos filhos quiserem usar brinquedos normalmente associados ao sexo oposto, não se preocupem, deixem-nos satisfazer essa curiosidade pois, na maior parte dos casos, não é mais do que isso.
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Comentários

  1. Juca,obrigado por me lembrares destas coisas...por mais atenta que esteja, por mais cuidado que tenha, de vez em quando, quase sem dar por isso lá "meto a pata na poça"..e depois é que reparo. Questões de educação (minha)que tento combater.
    Beijinhos
    Gabriela

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  2. Só esta discussão já era proveito suficiente para o dia, mas muito mais terá havido.
    Aguardamos a II Parte desta mensagem :)
    Bom trabalho

    Prof. Anabela
    BLOGando na Escola

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  3. O saber "agarrar" estas conversas para alguns banais é a diferença entre um bom educador e um mediocre.
    A vida é feita de coisas pequenas mas de grande importância.
    Gostei muito desta reflexão.
    Mil beijos da Paula e dos Perlimpimpim.

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  4. geMsagem recebida via Facebook:

    Muito interessante e esclarecedora a conversa!

    Virgínia Costa-Barroso

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