Foi o mote da conversa espontânea que fomos tendo pelo caminho, quando visitamos as casas de duas mordomas para observar a feitura dos seus cestos floridos.
O assunto foi relembrado por causa de uma questão que ficou no ar... na verdade, o nosso Quadro das Perguntas está práticamente encerrado, pois já não há tempo para muito mais, entre tudo o que temos ainda que fazer até final do ano lectivo.
O Nelson vinha a olhar as pedras do caminho, à semelhança do que tínhamos feito aquando da recolha de rochas para os amigos dos Açores, quando se lembrou que:
- Sabes, professora, lá em casa, tenho um seixo muito grande no quintal!
- A sério? E é mesmo muito grande?
- É! mesmo grande.... nasceu ali!
- Ai foi? Tu achas que o seixo nasceu no teu quintal?
- Pois, ele está lá muito enterrado...
- Então vamos lá pensar, os seixos são rochas, não são?
- São...
- E as rochas nascem?
- Hum... acho que não, mas esta nasceu.
- Ou será que o seixo foi lá parar de outra maneira?
- Não! - com veemência - nasceu lá, ninguém tinha força para o pôr lá! Deve ser muito pesado!
Repescamos o assunto para lançar a questão ao grupo, que logo se dividiu nas opiniões:
havia os que concordavam com o Nelson, em como o seixo devia ter nascido lá na terra e os que diziam que não, que os seixos não nascem.
- Não nascem porquê?
- Porque não estão vivos, não têm vida.
- Então as coisas que nascem têm vida... ora digam lá algumas...
Logo várias vozes se levantaram:
- As vacas, os cavalos, as árvores, os bebés, as pessoas, os cães, as flores...(e muitos mais)
Chegamos então à conclusão que os seres vivos são os que nascem, crescem e morrem e que esses são as pessoas, os animais e as plantas.
- Mas como sabemos se estão vivos ou não?
- Porque falam... andam e respiram!
- Sim, podem fazer tudo isso, mas também há pessoas vivas que não conseguem falar nem andar...
- Pois há, mas todas as pessoas têm que respirar.
- E será que os outros seres vivos também respiram?
- E será que os outros seres vivos também respiram?
- Os animais respiram.
Não havia muitas certezas... por isso vamos experimentar.
Precisamos de uma planta em vaso, um pedra, uma flor cortada e um saco cheio de ar, que a Isaura encheu como se fosse um balão. Embrulhamos os três primeiros em película aderente e aguardamos. O que será que vai acontecer?
Entretanto, fomos registando as nossas estimativas: havia quem achasse que a planta ia morrer abafada, pois não conseguia respirar; quem dissesse que não ia acontecer nada à pedra, ia ficar igual; outros achavam que a flor ia murchar, porque já estava morta e não tinha água; outros ainda diziam que o saco ia estourar ou esvaziar-se...
Dali a algum tempo fomos verificar o que tinha acontecido:
A película tinha gotículas de água, sinal de que tinha respirado - era um ser vivo;
A pedra estava igual, nada mudou, não respirava - era um ser não vivo;
O saco também tinha gotinhas de água, que a respiração da Isaura tinha provocado, pois as pessoas também são seres vivos;
A flor cortada também não tinha alterações, não respirou, por isso não era um ser vivo...
- Pois, mas já foi, quando nasceu, agora é que a cortaram e morreu!
Aí está uma lição bem aprendida!
Embora a conversa não seja para mim, também educadora, novidade, aprecio sobretudo a tua ainda capacidade de registar assim toda a conversa, Juca.
ResponderEliminarFoi uma bela experiência ... de vida.
Mais uma boa aprendizagem, sem dúvida! Obrigada pelas vossas partilhas e parabéns por toda a dinâmica.
ResponderEliminarbeijinhos
Adoreiiiiiiiiiiiiiiiiii
ResponderEliminarObrigada pela partilha de tão importantes momentos... e aprendizagens
Beijinho sorridente
AnaVaz