Pouco a pouco, vamos organizando o nosso espaço e o nosso tempo...
Mas voltemos aos nossos quadros...
Por isso estamos a introduzir, um de cada vez, os quadros de responsabilidade, cuja fundamentação científico pedagógica encontra as suas raízes no Modelo Pedagógico da Escola Moderna Portuguesa (MEM), donde retiramos alguns excertos:
Porque consideramos o jardim de infância "um espaço de iniciação às práticas de cooperação e de solidariedade de uma vida democrática (...) os educandos deverão criar com os seus educadores as condições materiais, afetivas e sociais para que, em comum, possam organizar um ambiente institucional capaz de ajudar cada um a apropriar-se dos conhecimentos, dos processos e dos valores morais e estéticos gerados pela humanidade no seu percurso histórico-cultural".
"É no envolvimento e na organização construídas paritariamente, em comunidade cultural e formativa, que se reconstituem, se recriam e se produzem os instrumentos (intelectuais e materiais), os objetos de cultura, os saberes e as técnicas através de processos de cooperação e de interajuda (todos ensinam e aprendem). Assim se caminha, por negociação progressiva, desde o planeamento à partilha das responsabilidades e da regulação/avaliação"
"É através de um sistema de organização cooperada que as decisões sobre as atividades, os meios, os tempos, as responsabilidades e a sua regulação se partilham em negociação progressiva e direta e que o treino democrático se processa de maneira explícita"
(In: Modelos Curriculares para a Educação de Infância, Sérgio Niza)
Mas voltemos aos nossos quadros...
O primeiro que começamos a utilizar, a pedido dos meninos grandes, foi o Quadro de Tarefas, uma tabela de entrada simples horizontal (que funciona sobre um quadro de pregas) onde, a cada imagem de uma tarefa, correspondem as fotos das crianças que a irão realizar, sempre a pares (e, neste início de ano letivo, padrinhos/madrinhas com os seus/suas afilhados(/afilhadas)
Logo de seguida iniciamos o preenchimento diário do Mapa Mensal de Presenças e Faltas, onde temos que deixar em cada dia um sinal da nossa presença ;-)
Trata-se de uma tabela de dupla entrada, com linhas onde estão os nossos nomes, do mais velho ao mais novinho, escritos de forma diferenciada conforme as idades:
- Os meninos grandes (que fazem 5 anos até dezembro) têm o nome escrito em letra manuscrita;
- Os meninos médios (que fazem 4 anos até dezembro) têm o seu nome escrito em letra impressa e maiúscula;
- Os meninos pequenos (que fazem 3 anos até dezembro) têm o seu nome escrito em letra impressa e maiúscula e a sua foto.
Os meninos grandes e médios já conseguem fazer um P para Presença e um F para Falta e os meninos pequenos, para já, deixam a sua marca, na interseção entre a sua linha e a coluna com a data do dia (claro que a professora ajuda, para já...). Como estamos ainda a começar, utilizamos o lápis de grafite, assim se nos enganarmos podemos apagar:
Entretanto, para ajudar os mais pequeninos, elaboramos um Quadro complementar, de Presentes e Ausentes... onde se regista de forma visualmente mais simples e de mais fácil leitura, quem veio ao jardim e quem ficou em casa. Foi decorado por alguns dos meninos grandes e permite a contagem de quantos estão na sala (presentes) e de quantos não estão (ausentes) e a colocação dos números respetivos.
Já tínhamos mostrado o Quadro de Padrinhos e Afilhados, que funciona por correspondência termo a termo: a cada menino(a) grande ou médio (padrinho/madrinha) corresponde um(a) menino(a) pequeno(a) (afilhado(a).
A ligação é feita através de um elástico colocado entre dois sinalizadores, por isso é facilmente alterável, o que pode acontecer sempre que os padrinhos/madrinhas não sejam bons exemplos para os seus protegidos...
Não vamos ficar por aqui... à medida que forem surgindo, iremos mostrando como são e para que servem os nossos quadros de responsabilidade. Para que percebam melhor o que estamos aqui a fazer ;-)
Para conhecer melhor este tipo de dinâmicas, que pretende promover a gestão democrática do grupo, o desenvolvimento da autonomia, da independência pessoal e da responsabilidade, podem ler ainda esta postagem de um ano anterior, pois a fundamentação mantém-se.
E se restarem dúvidas, perguntem à professora, que ela tentará esclarecer!
Ótimo, como sempre. Mas diz-me: onde arranjas tu aquele quadro gigante impresso do mês? Fazes todos os meses?
ResponderEliminarEstamos em sintonia. Mas faço-te a mesma pergunta que a colega da sala encarnada. respondes-me por mensagem? Continuação de bom trabalho!
ResponderEliminarRosa Maria
Olá! Antes de mais, parabéns pelo blog e pelo trabalho que realiza com as crianças. Vê-se que é bastante dedicada.
ResponderEliminarGostaria de saber uma pequena curiosidade (como futura colega de profissão). Como costuma introduzir o quadro de presenças com o grupo? Ou simplesmente apresenta o quadro às crianças e explica o que vão fazer com ele?
No ano passado estagiei numa sala de Pré-Escolar em que a educadora cooperante utilizava esse instrumento, mas como entrei a meio do ano letivo, não experienciei esse momento.
Bjs
As duas primeiras mensagens desta postagem foram já respondidas diretamente às autoras ;-)
ResponderEliminarOlá Joana Cruz, bem vinda ao Bloguefólio e obrigada pelas palavras simpáticas.
A resposta à pergunta que colocas não é linear, ou seja, depende das circunstancias de cada contexto...
Este ano, por exemplo, como tenho 7 crianças que já estão comigo há dois anos, completamente integradas na dinâmica da sala, foi mesmo uma questão de continuidade, solicitada também por elas.
Assim, o quadro é o mesmo a que estavam habituados e chegou logo nos primeiros dias (pois é necessário assinalar quem está presente e quem falta e contar os meninos, até por questões práticas, como dar o número para a cantina) e os mais pequeninos foram desde logo ajudados a integrar-se nesta rotina, começando a colocar a sua marca, como cada um for capaz...
Claro que como é um quadro de dupla entrada, requer alguma atenção e cuidado por parte do adulto, mas neste momento já encontram a sua linha (onde está o seu nome e foto) e conseguem percorrer com o dedinho o "caminho" até à coluna do dia em que estivermos, onde assinalam a marca na interseção.
Os mais velhos colocam um P (ou coloca-se um F em caso de Falta).
Se tivesse um grupo em que as crianças fossem todas novas, teria que integrar o quadro de presenças através de estratégia motivadora, a qual estaria dependente, como é óbvio, das caraterísticas desse grupo.
Espero ter-me feito entender... volta sempre e boa sorte futura colega!
Bjs, Juca e Sala Fixe