Porque é um assunto muito importante, hoje pedimos emprestadas (com a devida autorização) as palavras da educadora Rosa Maria, dos amigos Triquiteiros de S. João, para explicar a todos os pais fixes as diversas fases do desenho infantil, pois assim poderão compreender melhor as nossas produções!
"O desenho infantil contém uma representação simbólica muito forte daquilo que a criança vê do mundo, enquanto ser social e cultural, inserida num contexto e num determinado nível de desenvolvimento, por norma de acordo com a faixa etária em que se situa.
Henry Luquet um filósofo francês (1876-1965), foi um dos primeiros estudiosos do ponto de vista da evolução cognitiva da criança através do desenho. Ele procurou compreender como é que a criança desenhava, e quais a intenções e interpretações que a criança deva às suas produções.
Piaget um epistemólogo suíço (1896-1980) quando começa a interpretar o desenvolvimento do desenho livre/espontâneo da criança, segue as pisadas de Luquet, aliás adota os estádios propostos por este, e estuda os desenhos da criança do ponto de vista da representação do espaço.
É com base neste dois estudiosos, que deixamos aqui os diferentes estádios (fases) de desenvolvimento da criança através do desenho, sem deixar de reforçar que as diferenças individuais, de temperamento e sensibilidade de cada criança como ser único, são de ter em conta.
Começamos pela fase da Garatuja ou Rabisco:
Até mais ou menos aos 2 anos de idade o desenhar é tido como um mero exercício. Os "sarabiscos" são cobertos com novos "sarabiscos" várias vezes.
Com três anos e como a criança ainda não tem controle dos braços e da mão e como faz movimentos amplos de ir e voltar, temos as "Garatujas Desordenadas". Nesta fase a figura humana é inexistente ou pode aparecer no desenho como forma imaginária, e na maioria das vezes a criança só usa uma cor no desenho.
Um pouco mais tarde, à garatuja que a criança faz, é feita uma atribuição por esta. Pode ser o pai, a mãe, ou outros. É a fase das "Garatujas Nomeadas ou Ordenadas".
É também nesta fase que a criança começa a desenhar um círculos, às vezes de várias cores, em várias partes da folha. Estes círculos que inicialmente aparecem como "meias luas", ficam mais tarde completamente fechados, o que constitui um fator importante para a preparação do desenho da figura humana, já que a criança já é capaz de controlar os músculos da mão e do braço.
Passamos agora para o desenvolvimento da Figura Humana:
A primeira representação da figura humana é muito rudimentar. Surge através de um círculo grande com riscos que partem do chamado "círculo irradiado". Mais tarde começa a "fase girino". A figura humana é composta por um círculo grande, a cabeça, onde se colocam os olhos e a boca. Da cabeça partem os braços e as pernas (quando as há).
Na fase chamada de Pré-esquematismo, que corresponde ao período pré-operatório de Piaget, a criança começa a representar a figura humana, de acordo com os conhecimentos que tem do seu próprio corpo. Aqui, o corpo (pernas) já aparece ligado à cabeça e as pernas são na generalidade longas, porque a criança precisa delas para andar, correr e brincar. As cores começam a aparecer, mas ainda sem relação com a realidade. Depende do estado emocional da criança.
Na fase do Esquematismo, que corresponde à fase das operações concretas de Piaget, o desenho da figura humana sofre algumas alterações. A cabeça diminui em relação ao corpo e braços e pernas podem ser ou mais curtos ou mais compridos. Podem aparecer os cabelos, as orelhas, nas mãos aparecem os dedos em forma de "bola" ou grossos e compridos, e os pés podem ser mais compridos e finos. É nesta fase que ocorre a descoberta das relações quanto à cor, o que faz com que apareça a figura humana "vestida" de verde, amarela, vermelha etc.
O Realismo corresponde ao final da fase das operações concretas de Piaget. como existe uma consciência maior do sexo, a figura humana aparece tanto como menino ou como menina, com a acentuação das roupas para a diferenciação do sexo. Há uma acentuação da relação da cor com a realidade, bem como uma acentuação do emocional na produção.
Por volta dos seis anos, é a altura em que o desenho da criança passa para a fase dos esquemas, sejam eles de figuras humanas ou dos objetos. É o Pseudo Naturalismo, que corresponde ao período das operações abstratas de Piaget. O esquema é uma forma básica que a criança desenha o que quer ou o que necessita. Existe o esquema da flor, da casa, do carro, da figura humana e outros, com acentuação das expressões. Há ainda uma maior consciencialização do uso da cor, podendo ser objetiva ou subjetiva.
Ressalva-se que estes estádios/fases não são estáticos. Existem crianças que saltam algumas fases de desenvolvimento, e existem crianças que param de se desenvolver por vários fatores que influenciam a sua vida, e até de acordo com o gosto particular de cada uma.
Bibliografia:
LUQUET, Georges-Henri. (1927-1969) O desenho infantil. Porto: Ed. Minho, 1969. Trad: Maria Teresa Gonçalves de Azevedo.
PIAGET, J. A Formação dos símbolos na Infância, PUF, 1948
Começamos pela fase da Garatuja ou Rabisco:
Até mais ou menos aos 2 anos de idade o desenhar é tido como um mero exercício. Os "sarabiscos" são cobertos com novos "sarabiscos" várias vezes.
Com três anos e como a criança ainda não tem controle dos braços e da mão e como faz movimentos amplos de ir e voltar, temos as "Garatujas Desordenadas". Nesta fase a figura humana é inexistente ou pode aparecer no desenho como forma imaginária, e na maioria das vezes a criança só usa uma cor no desenho.
Um pouco mais tarde, à garatuja que a criança faz, é feita uma atribuição por esta. Pode ser o pai, a mãe, ou outros. É a fase das "Garatujas Nomeadas ou Ordenadas".
É também nesta fase que a criança começa a desenhar um círculos, às vezes de várias cores, em várias partes da folha. Estes círculos que inicialmente aparecem como "meias luas", ficam mais tarde completamente fechados, o que constitui um fator importante para a preparação do desenho da figura humana, já que a criança já é capaz de controlar os músculos da mão e do braço.
Passamos agora para o desenvolvimento da Figura Humana:
A primeira representação da figura humana é muito rudimentar. Surge através de um círculo grande com riscos que partem do chamado "círculo irradiado". Mais tarde começa a "fase girino". A figura humana é composta por um círculo grande, a cabeça, onde se colocam os olhos e a boca. Da cabeça partem os braços e as pernas (quando as há).
Na fase chamada de Pré-esquematismo, que corresponde ao período pré-operatório de Piaget, a criança começa a representar a figura humana, de acordo com os conhecimentos que tem do seu próprio corpo. Aqui, o corpo (pernas) já aparece ligado à cabeça e as pernas são na generalidade longas, porque a criança precisa delas para andar, correr e brincar. As cores começam a aparecer, mas ainda sem relação com a realidade. Depende do estado emocional da criança.
Na fase do Esquematismo, que corresponde à fase das operações concretas de Piaget, o desenho da figura humana sofre algumas alterações. A cabeça diminui em relação ao corpo e braços e pernas podem ser ou mais curtos ou mais compridos. Podem aparecer os cabelos, as orelhas, nas mãos aparecem os dedos em forma de "bola" ou grossos e compridos, e os pés podem ser mais compridos e finos. É nesta fase que ocorre a descoberta das relações quanto à cor, o que faz com que apareça a figura humana "vestida" de verde, amarela, vermelha etc.
O Realismo corresponde ao final da fase das operações concretas de Piaget. como existe uma consciência maior do sexo, a figura humana aparece tanto como menino ou como menina, com a acentuação das roupas para a diferenciação do sexo. Há uma acentuação da relação da cor com a realidade, bem como uma acentuação do emocional na produção.
Por volta dos seis anos, é a altura em que o desenho da criança passa para a fase dos esquemas, sejam eles de figuras humanas ou dos objetos. É o Pseudo Naturalismo, que corresponde ao período das operações abstratas de Piaget. O esquema é uma forma básica que a criança desenha o que quer ou o que necessita. Existe o esquema da flor, da casa, do carro, da figura humana e outros, com acentuação das expressões. Há ainda uma maior consciencialização do uso da cor, podendo ser objetiva ou subjetiva.
Ressalva-se que estes estádios/fases não são estáticos. Existem crianças que saltam algumas fases de desenvolvimento, e existem crianças que param de se desenvolver por vários fatores que influenciam a sua vida, e até de acordo com o gosto particular de cada uma.
Bibliografia:
LUQUET, Georges-Henri. (1927-1969) O desenho infantil. Porto: Ed. Minho, 1969. Trad: Maria Teresa Gonçalves de Azevedo.
PIAGET, J. A Formação dos símbolos na Infância, PUF, 1948
Porque é na partilha e no trabalho colaborativo que todos crescemos, acredito que este será um importante contributo para a clarificação deste assunto.
Obrigada pela autorização de partilha prof. Rosa Maria!
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