Organização do espaço-tempo: os instrumentos de gestão partilhada da Sala Fixe

A caixinha das surpresas de hoje era nova, tal como solicitamos e também nos trouxe algo que tínhamos pedido (vantagens de termos voz ativa no nosso contexto educativo).
Lá dentro vinha um avental para a cozinha das bonecas e também um pano de louça e umas luvas-pegas, para pegar nas panelas quando estão quentesIsto para além de dois pares de óculos de sol e um espelho, para os mais vaidosos ;-)
Depois de muito bem arranjados, lá partimos para mais uma viagem
Desta vez, para não variar, havia outro casamento :-)

Entretanto, noutras áreas da sala, havia quem trabalhasse na pintura, na colagem e no desenho. Na área dos jogos de mesa tivemos a companhia das nossas Martas, que nos ajudaram a fazer (e até a perceber!) alguns deles.
Na área dos projetos o trabalho era outro, continuava-se a elaboração e a decoração das capas para guardarmos as nossas produções:
Já faltam poucas! 
Ao nível da organização do tempo e do grupo, também houve novidades!
O Quadro de Tarefas manteve o modelo do ano anterior, mas foi atualizado com aquelas que agora queremos e que, para já, são estas:
Cantar o bom dia
Preencher o quadro semanal (fazer as rotinas)
Contar os meninos
Distribuir as mochilas
Tocar a campainha para arrumar (ser o polícia)
Ajudar a preencher o Diário
Chamar para o comboio
Distribuir o leite escolar
Distribuir os vai-vens
Trabalhar na horta
Ainda há algumas que queremos acrescentar, mas vamos ter que fazer o quadro crescer!

Para além deste, temos outros instrumentos de gestão do grupo, como sejam:
O Mapa Mensal de Presenças, inspirado na metodologia MEM:
É onde, em cada dia, assinalamos a nossa Presença como se vê aqui, com um P ou outra marca qualquer...
O Quadro de Presentes e Ausentes onde, mudando o nosso cartão de casa para a escola (e vice versa ao final do dia) mostramos que já chegamos (ou que vamos embora)...
 
Um instrumento que nos ajuda a fazer a contagem diária de todos os presentes, mas também a recordar quem faltou.
O Quadro Semanal (que inclui o ano, a estação do ano, o mês, os dias da semana, o tempo que faz, as rotinas diárias e a ementa
 
(Este é o tal que ontem fomos buscar para nos recordarmos do código de cores  ;-)
E o Calendário:
Que nos ajuda a perceber que dia é (número) e quantos dias faltam para... desenvolvendo as primeiras e tão importantes noções de tempo.

Quanto ao Diário de Sala/Grupo, é o instrumento onde registamos o que fizemos, o que gostamos, o que não gostamos e o que queremos fazer, da metodologia MEM (Movimento da Escola Moderna Portuguesa)...

"O Diário de Turma é assumido, na definição de Sérgio Niza (1991), como “a memória histórica e registo cultural de um grupo de alunos com o seu professor, ou de uma escola” (p. 27). É o instrumento mediador que assegura o controlo da execução das actividades e dos projectos combinados e que dá lugar ao debate das normas de convívio e dos comportamentos sociais do grupo. (...) Durante a semana, alunos e professor registam livremente no Diário de Turma as ocorrências que consideram mais relevantes, para que não fiquem esquecidas, assegurando que essas questões sejam discutidas, que todos e cada um possam dar as suas opiniões e sugestões acerca da vida do grupo. É um instrumento essencial para dar espaço à voz da criança e para promover a participação activa dos alunos nos processos de tomada de decisão sobre aquilo que lhes diz respeito.
(in Revista Escola Moderna nº 36, 5ª série, 2010)

Assim aprendemos a refletir sobre o vivido, a avaliar e a planear o que queremos fazer...

"Ao participarem no planeamento e avaliação, as crianças estão a colaborar na construção do seu processo de aprendizagem. Planear e avaliar com as crianças individualmente, em pequenos grupos ou no grande grupo são oportunidades de participação e meios de desenvolvimento cognitivo e da linguagem.
Esta participação é uma condição de organização democrática do grupo, sendo também suporte da aprendizagem nas diferentes áreas de conteúdo." 
(in OCEPE, 2016, p. 26)

Também já temos o Quadro de Regras, que começou a ser construído a partir de situações do dia a dia... 
Explicita o que decidimos: quais os comportamentos e atitudes que achamos que podemosnão podemos ter na sala...
Irá sendo acrescentado ao longo do tempo, com aquilo que formos referindo como necessário, a partir de situações concretas...

"O desenvolvimento social faz-se através de duas vertentes contraditórias: a necessidade de relação de proximidade com os outros e o desejo de afirmação e de autonomia pessoal.
Neste sentido, o/a educador/a deve apoiar a compreensão que as crianças têm, desde muito cedo, dos sentimentos, intenções e emoções dos outros, facilitando o desenvolvimento da compreensão do que os outros pensam, sentem e desejam. Cabe também ao/à educador/a, em situações de conflito, apoiar a explicitação e aceitação dos diferentes pontos de vista, favorecendo a negociação e a resolução conjunta do problema.
A participação das crianças no processo educativo através de oportunidades de decisão em comum, de regras coletivas indispensáveis à vida social e à distribuição de tarefas necessárias à organização do grupo constituem experiências de vida democrática que permitem tomar consciência dos seus direitos e deveres. 
As razões das normas que decorrem da vida em grupo (por exemplo, esperar pela sua vez, arrumar o que desarrumou, etc.) terão de ser explicitadas e compreendidas pelas crianças, como o respeito pelos direitos de cada uma, indispensáveis à vida em comum. Estas normas e outras regras adquirem maior força e sentido se todo o grupo participar na sua elaboração, bem como na distribuição de tarefas necessárias à vida coletiva". 
(in OCEPE, 2016, pp 25-26)

O Quadro de Padrinhos e Afilhados oficializa as parcerias formadas na sala, onde os mais crescidos ajudam os mais pequeninos nas mais diversas tarefas e atividades...
Assim vamos construindo o nosso ambiente educativo, organizando o espaço, o tempo e as interações entre todos nós, o que é uma função central do/a educador/a:

"Na educação pré-escolar, o grupo proporciona o contexto imediato de interação social e de socialização através da relação entre crianças, crianças e adultos e entre adultos. Esta dimensão relacional constitui a base do processo educativo. (...) Na educação de infância, cuidar e educar estão intimamente relacionados, pois ser responsável por um grupo de crianças exige competências profissionais que se traduzem, nomeadamente, por prestar atenção ao seu bem-estar emocional e físico e dar resposta às suas solicitações (explícitas ou implícitas). Este cuidar ético envolve assim a criação de um ambiente securizante em que cada criança se sente bem e em que sabe que é escutada e valorizada."
(in OCEPE, 2016, p. 24).

E pronto, hoje ficamos por aqui, até amanhã!

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