A terminar, uma avaliação em jeito de reflexão...

É tempo de colheitas! 
Tal como a nossa ameixoeira, que produz muitos frutos, também por cá se colhem outros, de tudo o que fomos semeando ao longo do ano...

Esta foi uma manhã passada no jardim de infância, a arrumar e a organizar as últimas produções e os materiais, produtos de um ano construído em conjunto com os meus fixes. 
Muitos lá estavam, nas AAAF, bastante animados, mas já dando sinal de saudades...
- Quando vens?
- É hoje ou amanhã que vamos para a sala?
- Nem hoje, nem amanhã... só depois das férias!
- Mas então porque vieste?
É muito difícil de explicar, de forma a que compreendam, que vão passar muitos dias até irmos juntos para a sala de novo... e que até lá a professora ainda tem muito o que fazer!
Capas, portefólios, os instrumentos usados na dinâmica da sala, os pertences de cada um, tudo está já devidamente arrumado para segunda-feira, durante a manhã, os pais passarem na sala um bocadinho e trocarmos impressões sobre a avaliação de final de ano.

Mas o que é mesmo isso de avaliação nesta faixa etária?
Também não é simples de explicar...trata-se de um processo moroso, complexo e que requer muita escuta, muita observação, muito registo, enfim, requer a documentação do processo de aprendizagem de cada uma das crianças. 
Certa de que não se importará, peço emprestadas algumas das palavras do colega Rui Inácio, (um educador em crecheneste texto  (do seu blogue "Uma caixa cheia de nada") para referir o que considero fundamental:

"Olho para trás e vejo que, acima de tudo, acima de todos os interesses, permiti que fossem felizes. Esforçadamente, foram sendo estabelecidos desafios que os levaram a brincar, a explorar de forma criativa e sincera. Exploraram o que é brincar e o que é ser criança (...) quero lá saber dos adquiridos e não adquiridos, se já contam, ou se já sabem as cores... 
Interessa-me claro, nesta avaliação, perceber os desafios que foram ultrapassando, as aprendizagens que foram realizando. Sim, de facto, interessam-me as aprendizagens que construíram, não com o objetivo de as quantificar, mas com o objetivo de valorizar as tentativas, os progressos, as aprendizagens."

Mas a avaliação também tem a ver comigo e com o meu papel junto das crianças...

"Nós, educadores, valorizamos, nesta fase do ano, principalmente, se os objetivos foram atingidos. Mas eu valorizo, acima de tudo, o pensamento: terei criado momentos em que lhes desse oportunidade de crescer? Terei criado momentos em que permitisse que brincassem e explorassem de forma livre? Terei eu sido um educador à altura dos interesses que revelaram?"

Só profissionais reflexivos se permitem colocar a si próprios estas questões, para poderem continuar a aprender, a partilhar e a crescer juntos, para poderem para fazer melhor.
E como vem mesmo a propósito deste ano, em que finalizamos com a concretização de um sonho, assim termino...

"Olho para trás, e vejo crianças felizes... 
Que correram atrás do sonho que permiti que fosse criado. Um sonho que as faz descobrir por elas (alimentado por todas as tomadas de decisão pedagógicas) que o brincar assume, para mim e para elas, um valor importantíssimo para o crescimento, para os conhecimentos que vão construindo."

Para o próximo ano já ficam outras sementes a germinar... o morangal está finalmente a ficar pronto, com a colaboração das funcionárias da escola e da Junta de Freguesia, a quem agradecemos a colaboração.
Até segunda, espero por todos vós (pais) no sítio do costume ;-)
A educadora, Juca

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