A abrir o terceiro período...

Um grupo de educadores no qual me integro, que se reúne virtualmente para partilhar ideias e propostas no âmbito da Educação de Infância com recurso a uma página no Facebook de seu nome Envolve-te!criou recentemente um blogue com o mesmo nome (Envolve-te) com o objetivo de mediar este tempo de distanciamento social... 



Aí encontram diversos recursos, ideias, links, vídeos e propostas que podem ajudar os pais que estão #emcasacomosmiudos a aproveitar melhor este tempo em comum.

Fica, a iniciar o terceiro período, um texto para reflexão...
"A Educação de Infância é, sem dúvida, fundamental enquanto espaço de cidadania de crianças e de futuros adultos. É também aí, neste tempo-lugar da infância que se constroem as bases da aprendizagem ao longo da vida, todos sabemos!
E em tempo de pandemia, de reclusão, em que os espaços escolares não conhecem as disputas, os abraços, os gritos e os risos das crianças, qual é o lugar da Educação de Infância?
Podemos nós, educadores, manter vivo, nas crianças, o interesse por esse espaço-tempo de viver e aprender em grupo?
Neste tempo de reclusão, as famílias, sem conhecimento prático e científico do desenvolvimento curricular na infância, têm sido confrontadas com a necessidade de fazer da sala de jantar uma sala de atividades. Têm sido muitas as sugestões de atividades diárias dirigidas, impostas ou simplesmente "planeadas pelo educador", numa procura de continuar a apresentar às crianças propostas com intencionalidade educativa, mas a que falta quase tudo: um educador como mediador da aprendizagem e a possibilidade de aprender em interação com outros (os pares).
Mas, no fundo, todos sabemos que o ensino à distância em Educação de Infância não faz sentido!
Então não é pertinente a nossa intervenção pedagógica junto das crianças e famílias neste momento? Qual o papel do educador?
O nosso grande desafio deverá ser ajudar e acompanhar famílias e crianças neste momento tão singular, sem cair na tentação de propor trabalhos do tipo escolar, ou arte do tipo pronto-a-vestir. Este não é papel da Educação de Infância, mas também já não o era.
Estes tempos estranhos são (ou terão de ser) acima de tudo, tempos de interações, brincadeiras, descobertas e vivências, de relações, momentos, acima de tudo, para serem vividos com os pais. Institucionalizar a casa das famílias não é o caminho!
Ao educador caberá acompanhar, propor quando houver espaço para isso, manter o contacto, a memória coletiva do espaço-tempo do jardim de infância, cuidar de alimentar as relações cortadas à força pelo vírus.
Então e as propostas?
Falemos da importância de brincar, de fazer coisas juntos mas também da autonomia das crianças, da participação nas tarefas domésticas, da oportunidade para experimentar novas receitas, dos elementos naturais que entram em casa e dos objetos que lá existem, como são, para que servem e poderão servir, dos livros que há lá em casa, das histórias que os mais velhos contavam e contam, de estarmos tristes e contentes e de como é importante ouvir o que as crianças têm para nos dizer.
Vamos deixar que as crianças contem o que estão a fazer em casa, o que vêem das suas janelas.
Vamos deixá-las mostrar os seus brinquedos, as suas casas, os seus irmãos, os seus animais de estimação... Vamos manter as creches e jardins de infância "abertos" online para intensificar afetos…
Nestes momentos não há modelos, metodologias, orientações ou autores para nos colocarmos nos seus ombros, ou talvez haja, porque os princípios não mudaram com o Covid-19, as crianças são protagonistas da sua aprendizagem!

Envolve-te."


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