Desde o nosso regresso a este a que chamam o novo normal, no qual temos de ser mais cuidadosos do que era habitual com a nossa higiene e segurança, algumas coisas têm sido diferentes... para além dos cuidados em lavar mais frequentemente as mãos e desinfetá-las, assim como aos materiais em que tocamos, há coisas em nós que também estão diferentes. É o caso da atenção, da motivação e da paciência em saber esperar... digamos que encolheram um bocadinho durante a quarentena!
Daí que hoje, por exemplo, a nossa surpresa veio numa saquinha e as pistas foram:
- É pesado e parte...
- Vidro?
- Sim. É feito de vidro e é um instrumento de medida.
- A balança! - disse logo o P.
- O que mede a balança?
- A nós! Mede o nosso peso.
- Muito bem, então vamos pesar-nos para vermos se estamos a crescer bem...
- Quantos metros é que eu peso? - perguntou o DB
- Para ai 50! - respondeu o D.
A conversa prolongou-se com a educadora a explicar que a unidade de medida do peso não é o metro é o quilograma.
- Pois, o metro é para nos medirmos!
- Medir é ver se estamos altos ou baixos.
- E pesar é ver se estamos pesados ou leves!
Então fomos verificar quantos quilos pesava cada um de nós, para registarmos esse dado importante sobre a nossa evolução.
De seguida passamos à medição, usando como instrumento de medida...
- Uma fita métrica! Daquelas que esticam e têm números!
Ajudamos a ler os números na fita e foram todos escritos no papel, para não esquecer.
No final comparamos todos os valores, vimos quem era o mais alto e o mais pesado (que por acaso é o mesmo!). Vimos também quem era o mais baixo e o mais leve e esses dados foram registados no livro de cada um (porque a tal paciência já não deu para registos mais elaborados) onde continuamos a preencher o que carateriza cada um de nós e a fazer a nossa autoavaliação.
Mas quando a motivação desperta, não há quem a pare... até a paciência cresce!
Foi o caso de um projeto de braço-robô que o B. criou, a par de outro, o braço-robô-pistola que se tornaram virais na sala fixe ;-)
Um rolo largo para meter no braço, dois rolos finos para as munições, duas garrafas dos smoothies da professora como recipientes para as balas...
- São aquelas bolas de espinhos que nascem nas árvores, sabes?
Houve que resolver problemas durante o percurso... mas a motivação persistiu:
- Como vamos unir os rolos?
- Temos de pensar!
Experimentou-se a cola de tubo, a cola de batom, duas fitas-colas diferentes, mas nada parecia resultar.
- Com o agrafador dá! - disse o M.
E deu mesmo, com o agrafador e com algum cuidado também.
Só não dava mesmo era para segurar as garrafas aos rolos pela parte de fora...
- Temos de pensar noutra solução...
- Cola quente!
E foi assim que o problema ficou resolvido e o projeto concluído... com persistência, criatividade, motivação e paciência. Foco na solução e não no problema!
As duas únicas meninas da sala nestes dias dedicaram-se a outras criações: escolheram fazer barcos de noz, como o do ratinho marinheiro. Também elas tiveram de resolver problemas e persistir, manter o foco e procurar ajuda quando não conseguiam chegar à solução... e só as velas ficaram diferentes, não são de folha, porque estava a chover lá fora, mas de eva, material que ambas escolheram.
Entretanto, na sala ao lado os mais pequenitos continuam a divertir-se nas suas atividades, na companhia da educadora Helena.
Ao almoço todos comemos arroz amarelo...
- Sabes, este é um arroz de sol!
Quem sabe se por isso o sol apareceu... e permitiu que fossemos brincar lá fora!
- Anda comer um gelado, queres? - perguntou a IB.
- Hum, acabei de almoçar e de tomar um café... não tenho calor, obrigada, mas hoje acho que não me apetece!
- Anda lá, comes um gelado quentinho! - sugeriu a B. com jeitinho.
- Este é um gelado quentinho? - perguntei-lhe, enquanto o saboreava.
- Pois, não pode ser, porque derrete! - concluiu.
O dia terminou com uma valente carga de água do lado de fora das nossas janelas!
Não foi a chuva que voltou, felizmente... foram os senhores pintores que chegaram a este lado da escola, montaram os andaimes e toca a lavar tudo para depois pintarem.
Pois é, por estes dias não podemos ir à horta, nem ao compostor, nem podemos apanhar ameixas e a ameixoeira está carregadinha... haja paciência!
Assim se passou mais um dia no reino da brincadeira... até amanhã!
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